Internacionalização e as “Guerras do Século XXI”

Há uns séculos, todas as guerras envolviam apenas material bélico e conflitos armados. Embora infelizmente as primeiras ainda existam, as principais guerras a que temos assistido na atualidade e que se prevêem a curto prazo são as denominadas “Guerras Comerciais”.

Embora tenham ocorrido até então, o surgimento de sanções e bloqueios económicos como instrumentos de política internacional intensificou-se após o término da Segunda Guerra Mundial. Cerca de 70% das sanções ocorridas durante o século XX concentram-se no período de 1971-2000. Sendo, em grande escala, os referidos bloqueios contra a União Soviética. O ocidente procurava conseguir que a União Soviética tivesse necessidades de realizar despesas, assim como revogasse a nacionalização dos ativos estrangeiros.

No começo do século XXI o arsenal de meios para guerras económicas ampliou-se. Estas sanções podem ser aplicadas à totalidade de um país ou região ou a um setor específico (por exemplo, em 2014 as sanções aplicadas à Rússia pela comunidade internacional foram aplicadas em exclusivo ao setor da indústria militar, ao setor do petróleo, e ao setor bancário).

Um dos principais acontecimentos económicos deste Verão centra-se na guerra económica entre a China e os Estados Unidos. Como já aconteceu em outros períodos da história, este conflito opõem as duas maiores economias mundiais atualmente.

 

Mas como é que uma “Guerra Comercial” entre dois países afetará as restantes economias? Quais os principais efeitos sentidos no período?

 

Numa era cada vez mais global e digital em que as trocas comerciais se dão com igual facilidade entre um país vizinho ou um antípoda, as áreas de transportes e logísticas assumem um peso cada vez mais importante. Concomitantemente, os acordos comerciais e as legislações aduaneiras tendem a influenciar cada vez mais as decisões de investimento internacionais das empresas.

De acordo com um estudo do CSIS – Center for Strategic & International Studies (Centro de Estudos Estratégicos Internacionais), “há, pelo menos 46 portos na África subsariana, existentes ou planeados, que estão a ser financiados, construídos e/ou operados por entidades chinesas”. Este investimento passa por uma estratégia da China para estabelecer rotas comerciais pelo Índico e Atlântico Sul, conseguindo dessa forma otimizar plataformas para um peso cada vez mais forte das exportações chinesas no mercado global. Em períodos de conflito, quando um país com poder económico investe num território terceiro, em infraestruturas cruciais como portos navais ou aeroportos, existe um efeito de arrastamento de empresas de outros setores a estabelecerem-se no território selecionado, facilitando o acesso a diferentes mercados.

A reação da União Europeia tem sido bastante cautelosa no atual conflito. O investimento chinês na Europa diminuiu, nos dois últimos anos [29,1 mil milhões de euros em 2017 e 17,3 mil milhões de euros em 2018], resultado de medidas protecionistas europeias, mas nenhum país quer fechar as portas à “Rota da Seda” dos biliões chineses. Desde 2010, a China investiu mais de 145 mil milhões de euros na Europa, apesar dos constrangimentos económicos criados por vários países, nos últimos anos, e dos alertas do governo dos EUA sobre o risco de aceitar dinheiro da “ditadura chinesa”. A influência das trocas comerciais com a China tem um peso extremamente importante para a Economia Europeia. Se por um lado, muitas das marcas presentes no mercado europeu produzem na China, por outro, um país com uma população de cerca de 1500 Milhões de pessoas tem um peso importante para os mais diversos setores, assegurando a aquisição de várias exportações vitais para diversos setores de países europeus.

Atualmente, salvo exceções cuja gravidade das sanções possa vir a exigir, dificilmente um país conseguiria o apoio global para impor sanções totais a uma grande economia mundial. A globalização e a diversificação do investimento estrangeiro fazem com que as economias necessitem das sinergias dos parceiros para conseguirem manter os seus índices de prosperidade e crescimento económico. O atual momento e o conflito entre os Estados Unidos da América e China são a prova do mesmo.

Ambos os países possuem suficiente importância nas trocas comerciais dos países da União Europeia, pelo que se mantêm neutros face ao conflito, para já.

A aposta na Internacionalização é um ponto fulcral para o crescimento de uma empresa praticamente em todas as áreas de negócios. Numa era global, tanto os fornecedores, como clientes e concorrentes podem estar em qualquer área geográfica. Alcançando novos mercados, a empresa poderá aumentar consideravelmente a sua performance internacional assim como dispersar o risco de mercado da sua operação.

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Fontes:

“Centre for Research on Globalization”;
Jornal “El País”;
“Jornal Económico”;
“CNN Business”